vlw G. xD
aí o cap novo povo (fico grandim >.<)
Capítulo 2 – Passo um dia na prisão.Esperei uns minutos, para ver se ele parava de me encarar. Não parou. Comecei a ficar apreensiva. Minha mãe, como todas as outras no planeta, me avisa para todo o tipo de situação que envolve garotos – ou homens – e se não era bom confiar em um desconhecido, acho que um presidiário desconhecido realmente não é o tipo de pessoa que você pode sair conversando como velhos amigos fazem.
Eu não estava olhando, mas sabia que ele mantinha seus olhos em mim. Decidi arriscar e olhar para ele. Minha primeira visão foi a de um preso qualquer. Ele tinha cabelos castanhos bem escuros mal cortados e roupas esfarrapadas, era magro e alto e tinha um rosto cansado e triste. Mas aí eu reparei nos olhos. Eram tão negros que pareciam quase roxos. Não pareciam maus, só tristes. Mesmo assim, fiquei alerta.
Peguei meu iPod e comecei a ouvir música num volume razoável, para que pudesse ouvir se o preso falasse. Parece que eu estava pressentindo alguma coisa, pois o homem falou:
- Pode aumentar o som? Eu gostaria de ouvir. Faz tempo que não ouço música.
- Ah. – levantei uma sobrancelha, surpresa pelo tom de voz tranquilo dele e pela sua pergunta fora de hora. – Claro. – aumentei o volume até o máximo e tirei os fones dos ouvidos, para não ficar surda.
Ficamos em silêncio novamente. Não se ouvia barulho nenhum na prisão, além da música que eu tinha colocado. Passados uns minutos, eu já estava tensa de novo. Comecei a pensar em minha mãe, em Matteus, em Cristiangelo...
Meus olhos se encheram de lágrimas que caiam e rolavam por meu rosto. Então comecei a sentir uma ardência nos olhos pelo choro. Limpo as lágrimas com as costas da mão, mas elas continuam a cair e eu continuo a chorar ali, encolhida na minha cama da prisão...
- O que você está fazendo aqui? – perguntou o meu companheiro de cela, com um tom meio triste e meio cético.
- Como assim? – odeio responder com uma pergunta, mas não pude fazer nada, não fazia idéia do que o cara estava falando.
- Você é uma garota de... não sei, uns quinze anos talvez?
- Quatorze.
- Ótimo, quatorze. O que uma garota de quatorze anos está fazendo na prisão?
- Não é da sua conta. – isso pode parecer rude, mas não pensei direito na hora.
- Ótimo... – ele deu de ombros, mas eu sabia que ainda estava curioso.
Mais um tempo em silêncio e comecei a assobiar. Assobio quando estou nervosa. Só não perguntem por que. Também não sei.
- Não assobie, por favor. Me irrita. Então, qual o seu nome? – eu sabia que ele cederia.
- Clarisse. Clarisse Villardo. E o seu?
- Miguel.
- Só Miguel.
- Meu sobrenome é importante? – Miguel levantou uma sobrancelha.
- Não, é só... Ah, deixa. – eu já estava me sentindo mais relaxada e tinha parado de chorar.
- Bem, vou perguntar de novo. O que você está fazendo aqui?
Me sentei, olhei para o teto escuro e de novo para Miguel. Eu estava hesitando, mas acabei decidindo por responder.
- Me meti numa briga com um vampiro do meu prédio. Ele me jogou longe e os guardas ouviram o barulho. Então me trouxeram para cá... Falando no Cristiangelo, quando eu chegar em casa...
- Cristiangelo? – perguntou Miguel.
- É. É o nome dele. – ele fez uma careta. – Sei que é estranho. Ele é um playboyzinho vampiro que se acha o bom. – Miguel assentiu. – Mas e você? Você parece péssimo cara. Há quanto tempo está aqui?
Miguel ficou calado por um tempo, parecendo perdido em lembranças, e respeitei isso. Se ele precisava pensar, bem, que pensasse. Mas eu tinha dado minha resposta a ele. Agora queria saber a resposta dele.
- Faz uns dois meses. Tenho que ficar aqui mais um mês e então serei liberado. – Miguel fez uma pausa. – Há dois meses mais ou menos, eu era feliz. Não tinha família além dos meus pais e um irmão, mas com certeza eu tinha três bons amigos que me apoiavam em tudo. Certo dia, nós tínhamos ido a uma festa à noite e, quando estávamos voltando estava bem tarde. Um vampiro da guarda nos cercou e nos atacou. Nós tentamos fugir. Só eu e outro amigo meu conseguimos. Os outros dois foram mortos pelo vampiro. O outro que fugira comigo foi alcançado pelo vampiro e foi morto também. Para minha sorte ou azar, o vampiro ficou satisfeito e fui acusado injustamente por assassinato. Três mortes, três meses.
O rosto de Miguel estava sombrio e o meu, bem, não sei, mas provavelmente estava confuso distinguir, pois eu estava sentindo um misto de pena, medo, raiva e vergonha por ter ficado com medo do pobre homem.
- Olha, me desculpe, eu não queria fazer você relembrar essas coisas. – eu disse, relutante.
- Tudo bem. Eu...
Nesse momento, o que quer que ele fosse dizer, foi interrompido. Um guarda apareceu e abriu as grades, me mandando segui-lo.
- Ei, onde estamos indo? – perguntei pela quinta vez, já um pouco irritada.
Ele revirou os olhos vermelhos, parou em frente a uma porta e olhou para mim. Então, com sua voz de seda mostrando impaciência, respondeu:
- Você tem visita.
E me empurrou para dentro da sala.
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A princípio eu só percebi uma coisa: A sala era do tamanho do meu quarto e tinha um sofá, uma mesa e duas poltronas. Não era frio nem quente e tinha uma janela pequena para alguém passar e grande para refrescar na parede. De acordo com minhas fontes, prisões não eram confortáveis. Minha segunda percepção: Minha mãe, Marina – pra quem não se lembra, minha empregada –, Matheus e, quem me surpreendeu mais, meu pai estavam sentados no sofá e nas poltronas.
- Mãe! – corri para ela e a abracei. Fiz o mesmo com Marina. – Matheus! O que está fazendo aqui?
- Vim te ver, malfeitora. – disse ele, com um sorriso brincando nos lábios. Incrível, mesmo quando estou presa, ele brinca.
Sorri e o abracei com força. Ele retribuiu meu abraço e pela primeira vez no dia, fiquei calma. Quando o larguei, olhei meu pai. Ele era o único sério. Todos sorriam por eu estar bem e por estarem me vendo. Menos meu pai.
- Pai. – murmurei.
- Não vai me abraçar, Clarisse? – perguntou meu pai, a voz mostrando desaprovação.
- Marcelo! – exclamou minha mãe, em voz baixa. – Seja mais simpático. Clarisse está tendo um dia difícil.
- Não se meta, Clara. – respondeu meu pai, frio.
Matheus fuzilava meu pai com o olhar. Cara, se tem uma coisa que tira o sorriso de Matheus, é o meu pai. Ok, vocês devem estar se perguntando o porquê. É o seguinte: Meu pai, quando eu tinha uns cinco anos, traiu minha mãe e eles se separaram. Naquela época, ele trabalhava numa empresa. E trabalha até hoje, só que agora ele é o dono da empresa.
Não sei como minha mãe pode gostar dele. Ele é frio, mandão, orgulhoso e nada carinhoso, engraçado – na verdade ele não tem nenhum senso de humor – e com certeza não é um pai presente. Mesmo sendo rico, ele só dá uns quinhentos reais para minha mãe. Ela já entrou na justiça, mas ele subornou os advogados e o juiz e minha mãe perdeu.
Eu não odeio meu pai, só acho que ele é o pior pai que existe. Mesmo assim, não o odeio, por princípios. Apesar disso, já sofri por causa dele e, claro, desabafei com Matheus. Ele via que meu pai me fazia mal e passou a odiá-lo. Ponto final.
Olhei para minha mãe como se dissesse pra deixar pra lá e ela entendeu. Dei de ombros e abracei meu pai.
- Então, o que deu em você para cometer um crime? – perguntou meu pai severamente.
- Eu não cometi um crime!
- Então como veio parar aqui?
- Eu... – minha voz falhou e não tive resposta.
Abaixei a cabeça, pronta para o falatório de meu pai, quando Matheus disse:
- Ela defendeu um humano de um vampiro. Não cometeu nenhum crime. – fiquei tão surpresa que levantei a cabeça e fiquei olhando para Matteus, pois ninguém tinha coragem de desafiar meu pai, ainda mais na primeira vez que o vê. – Você não pode brigar com ela por isso.
Pensei que meu pai fosse explodir. Ele não é muito paciente e odeia quando o contrariam. É, minha família é muito complicada.
- Olha aqui garoto, não me diga o que é certo e o que é errado! – meu pai ficou cara a cara com Matteus.
- Tudo bem, vou deixá-lo sem saber mesmo. – respondeu Matheus.
Pensei que meu pai ia bater em Matheus quando o guarda vampiro que me levara até lá disse que o tempo acabara. Abracei minha mãe, Marina e Matheus. Depois, relutante, abracei meu pai também.
Corri para a porta, querendo sair daquele ambiente o mais rápido possível, e o guarda me levou de volta para minha cela. Estava quase feliz de voltar para lá.
- E então? – perguntou Miguel, curioso. – Como foi?
- Um desastre. – respondi, me sentindo péssima.
- Não parece, você está sorrindo.
Com um susto, percebi que ele falava a verdade. Acho que realmente fiquei feliz por Matheus me defender na frente de meu pai. Ninguém nunca havia feito algo tão corajoso por mim. Acredite, eu não teria coragem.
Miguel ainda me olhava, então contei-lhe a história. Contei-lhe sobre meu pai, sobre Matheus, sobre tudo. No final, ele simplesmente murmurou um “Entendo.” e se calou.
- Acho que estou assim por causa do que Matheus fez. Foi muito corajoso. – eu disse e Miguel sorriu. – Quê?
- Alguém está gostando de Matheus...
- Quem? – perguntei, como uma idiota, antes de perceber o olhar dele. – Eu? – ele riu e eu senti como se tivessem me dado um soco. – Ele é só um amigo! Não temos nada, eu...
- Ok, ok. – ele levantou as mãos em sinal de redenção, mas o sorriso continuava.
As próximas horas passaram silenciosas. Fiquei ouvindo meu iPod e assoviando. Miguel mandava eu parar, mas eu fingia que não ouvia. Acabei pegando no sono.
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Meu sonho foi muito agitado, provavelmente porque eu não havia desligado o iPod e música ainda estava na minha mente. Começou com cenas de guerras humanas, explosões, tiros e então ouvi um uivo e a cena mudou.
Eu estava deitada em meu quarto, na minha cama macia, dormindo. Então eu acordei. Me levantei, fechei os olhos e, quando os abri, já não estava na paz da minha casa. Eu estava numa tenda improvisada, feita para a guerra. Uma mesa se encontrava no centro da tendo e uma cadeira, um tipo de trono pequeno, ficava de um de seus lados. A minha frente, sentado no trono, estava um homem pálido, alto, de longos cabelos pretos e olhos vermelhos. Eu o reconheci de imediato por uma das fotos em meu livro de história. Era William. Ou ele já tinha convencido o presidente, ou já havia apresentado a idéia, pois o trono era feito para um líder.
Minha vontade era de bater nele. Mas eu não conseguia me mover, falar, muito menos bater em um vampiro estrategista.
Enquanto William descansava – ou pensava, trabalhava, sei lá – duas pessoas entraram na tenda. Uma eu vi que era humano. Só podia ser Bill Clinton, o presidente que William havia convencido a ajudar. O outro era uma vampira, alguma guarda, provavelmente. O presidente se sentou a frente da mesa, na direção do vampiro.
- Bill. – falou William com sua voz melodiosa, enquanto lia um livro.
- Presidente Bill Clinton. – replicou o presidente.
- Tanto faz. – respondeu o vampiro, entediado, ainda lendo o livro.
Apesar de falarem uma língua estrangeira, o inglês, estranhamente, eu conseguia entender suas palavras como se fossem em português.
- Sabe por que te chamei aqui, Bill? – perguntou William, erguendo os olhos de seu livro.
O presidente estremeceu ao ver a cor dos olhos do homem a sua frente, vermelhos como sangue. William percebeu isso.
- Bonitos não? Posso deixá-los ainda mais vermelhos se você não concordar. – em seguida mordeu o ar e riu alto quando Bill prendeu a respiração. – Só estou brincando Bill. Você ainda não me respondeu.
- E-eu acho que é sobre a g-guerra?
- Você é um homem esperto Bill. Vai me ajudar? Basta mandar suas forças armadas nos ajudarem que eu lhes dou a munição certa.
- E se eu...
- Não aceitar? – Willian se levantou e caminhou até atrás de Bill, posicionando a cabeça no ouvido do presidente. – Coisas ruins podem acontecer. – sussurrou.
O vampiro voltou a seu lugar, sorrindo vitorioso.
- Tudo bem. – o presidente suspirou e assinou um papel.
- Muito bem, Bill. Agora, vamos jantar. – e piscou para Bill.
- O quê? – os olhos do homem se encheram de terror. – Mas eu assinei o papel, eu concordei...
- Bill, você não leu todo o contrato? Que coisa feia. – debochou William e pegou o contrato, procurando uma linha específica. – “Se o presidente assinar o contrato, suas forças armadas serviram aos vampiros e William tomara seu lugar como líder mundial.”
- Então! Eu assinei! Pode ficar com meu lugar, com tudo meu! – implorou Bill, se ajoelhando.
- Bill, ainda não entendeu? – perguntou o vampiro. – Tsc tsc. Aqui não diz nada sobre sua segurança.
O presidente tentou correr para a saída, mas a vampira o parou. William gargalhou com a ingenuidade do presidente. Sorriu, mostrando as presas e avançou no pescoço de Bill.
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- AH! – caí da cama, acordando assustada e suando frio.
Massageei a cabeça, pois a tinha batido no chão fortemente. Eu estava ensopada de suor e morrendo de medo. Qualquer vampiro podia vir aqui agora e beber meu sangue.
Me levantei e sentei em minha cama. Comecei a pensar em meu sonho e, quanto mais eu pensava, mais eu sabia que aquilo realmente acontecera. Me lembrei de quando eu era pequena, quando eu tinha apenas quatro anos, e os vampiros invadiram o Brasil. Lembrei de minha mãe lendo o jornal, comentando sobre o desaparecimento do presidente.
Suspirei e olhei Miguel. Ele estava dormindo. Meu iPod estava na minha cabeceira. Sorri para o preso e olhei a janela. Já estava de manhã. Eu dormira direto desde o fim da tarde de ontem até hoje. Olhei meu relógio de pulso, eram oito da manhã.
Tentei de tudo para não lembrar do sonho, mas ele não saia da minha cabeça. Eu estava faminta e isso apenas me distraía um pouco. Lá pelas dez da manhã, um guarda vampiro trouxe o café, um copo de leite com ovos mexidos. Eu odeio leite, mas peguei metade dos ovos para mim. Miguel logo acordou e pegou a outra metade para ele.
Eu devia estar horrível, porque, depois de beber o leite e comer os ovos, Miguel olhou para mim, fez uma careta e falou:
- O que houve durante a noite?
- O que te faz pensar que aconteceu alguma coisa? – perguntei, erguendo uma sobrancelha e me olhando.
- Você tá toda suada, com cara de quem viu um fantasma.
- Pesadelo. – respondi, depois de hesitar um pouco. – Dos brabos.
- Bem, então sinto muito. Mas você já vai sair daqui. Então, pode ficar tranquila. – Ele sorriu, tentando me encorajar.
Sorri tristemente e me deitei, olhando para o teto, pensativa. As horas passaram calmas e entediantes, e eu imaginei o quão chato deve ser passar três meses ali.
Finalmente, quando era uma da tarde, um guarda abriu a porta e nos chamou para o almoço.
Saímos e fomos até uma parte do forte/prisão que era a céu aberto e tinha duas mesas bem grandes e compridas. Uma terceira mesa continha comida. Felizmente, não haviam muitos presos por ali, mas alguns eram tão mal-encarados que valiam por vários. Fiquei bem perto de Miguel, que parecia totalmente relaxado.
Pegamos nossos pratos, nos servimos e nos sentamos em uma das mesas, perto de um homem de uns vinte anos sorridente e uma mulher que tinha no mínimo trinta anos.
- Quem é essa, Miguel? – perguntou o homem.
- Essa aqui é Clarisse. Ela brigou com um vampiro idiota do prédio dela e veio pra cá por um dia. – respondeu Miguel.
- Eu sou Fábio. – o homem sorriu e apertou minha mão.
Ele era ruivo e tinha algumas sardas pelo rosto. Tinha o rosto marcado por expressões sorridentes e dentes brancos. Seus olhos eram azuis. Ele me lembrava muito Matteus, com seu sempre presente sorriso.
- Eu sou Maria. – falou a mulher com sua voz rouca. Ela parecia mal humorada, mas ela estava numa prisão, tinha esse direito.
- Sou Clarisse. – respondi.
Maria era morena e tinha olhos castanhos. Não era muito alegre, mas sabia se divertir e contar piadas. Ficamos conversando enquanto comíamos e descobri que os dois eram pessoas maravilhosas, cada um a seu jeito, claro.
Depois que voltamos para as celas, ficou tudo chato de novo. Miguel tirou seu cochilo da tarde e eu fiquei ouvindo música. Depois de um tempo, o acordaram para ele ir tomar banho e perguntaram seu eu também tomaria. Respondi que não, já que logo voltaria para casa.
Quando ele voltou, nada mudou. A mesma chatice de antes. Conversamos um pouco sobre nossas vidas, mas continuou chato. Finalmente, as quatro horas da tarde, quando arrumei a confusão, um guarda chegou e disse que eu já podia ir embora.
- Tchau Miguel. – eu disse, triste por deixar meu novo amigo.
- Até mais Clarisse. – ele respondeu, me abraçando, e eu retribui o abraço. – Não se meta em confusões hein? – ele piscou para mim e eu sorri.
Saí com o guarda, que me levou até minha casa. Me deixou na portaria e eu subi no elevador.
Continua...
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E gente, eu fiz os DAs dos personagens importantes do cap:
William:
Miguel: